
A inédita condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e de aliados por suposta tentativa de golpe de Estado voltou a acender o alerta internacional sobre os rumos da democracia e da liberdade política no Brasil. A decisão foi tomada nesta quinta-feira (11), por 4 votos a 1, pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), e é vista por conservadores como um exemplo preocupante de judicialização da política e perseguição a opositores.
O julgamento, conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, contou com os votos de Flávio Dino, Cristiano Zanin e Cármen Lúcia, que formaram a maioria pela condenação de Bolsonaro e de sete nomes de sua base de confiança, incluindo generais, ministros e aliados políticos. O único voto divergente veio do ministro Luiz Fux, que se posicionou pela absolvição de Bolsonaro e de outros seis réus por entender que não houve crime configurado.
Apesar de a pena ainda não ter sido anunciada, especialistas indicam que ela pode chegar a até 30 anos de prisão em regime fechado — algo inédito na história da República e alvo de duras críticas de juristas e parlamentares que veem uma motivação política por trás das decisões do STF.
Imprensa internacional ecoa versão do STF e ignora controvérsias
A grande imprensa internacional repercutiu amplamente a condenação, muitas vezes replicando sem questionamento a narrativa dominante da esquerda brasileira. O The New York Times destacou que a maioria dos ministros já havia sinalizado a intenção de condenar Bolsonaro por tentar "manter-se no poder". Já o britânico The Guardian classificou o ex-presidente como "culpado de conspiração para golpe militar", prevendo "décadas de prisão".
O francês Le Monde destacou o voto da ministra Cármen Lúcia, tratando Bolsonaro como líder de uma "organização criminosa" e ignorando os protestos populares e o apoio de milhões de brasileiros ao ex-presidente. O The Washington Post e a agência Reuters também deram visibilidade à decisão, sempre reforçando a narrativa de tentativa de golpe, sem abordar os abusos judiciais apontados por diversos analistas independentes.
O espanhol El País, tradicionalmente alinhado à esquerda, celebrou a condenação como "um passo transcendental contra a impunidade", chamando Bolsonaro de "ultradireitista", em tom claramente ideológico. Na Argentina, os jornais Clarín e Página 12 seguiram a mesma linha. Já no Oriente Médio, a Al-Jazeera também deu destaque ao caso.
Condenação atinge nomes estratégicos da direita
Além de Bolsonaro, foram condenados Alexandre Ramagem (atual deputado federal), Augusto Heleno, Braga Netto, Paulo Sérgio Nogueira, Anderson Torres, Mauro Cid e Almir Garnier. As acusações incluem crimes como tentativa de golpe, organização criminosa armada e deterioração de patrimônio público — termos vagos e politicamente inflamados, segundo críticos da decisão.
Ramagem, no entanto, foi condenado por apenas três dos cinco crimes apontados pela Procuradoria-Geral da República (PGR), o que reforça a percepção de que há seletividade na forma como os réus são tratados, especialmente os que ainda ocupam cargos políticos.
Conservadores veem perseguição e reforçam apoio a Bolsonaro
A decisão do STF foi recebida com indignação por parlamentares conservadores e setores da sociedade civil que denunciam o que chamam de "tribunal de exceção", com juízes atuando como acusadores, julgadores e censores políticos ao mesmo tempo.
Mesmo condenado e inelegível desde 2023, Jair Bolsonaro segue sendo a principal liderança da direita no Brasil e conta com apoio popular expressivo. Manifestações de solidariedade ao ex-presidente têm crescido nas redes sociais e em grupos de apoio, que classificam o julgamento como parte de um plano para eliminar qualquer chance de retorno do conservadorismo ao poder.