
Pela primeira vez, o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) registrou muriquis-do-sul (Brachyteles arachnoides), espécie de primata criticamente ameaçada de extinção, no Parque Estadual Cunhambebe (PEC), unidade de conservação administrada pelo órgão na Costa Verde Fluminense. Pesquisadores identificaram dois grupos a partir das imagens aéreas, totalizando 36 indivíduos, um importante registro desta espécie ameaçada no Brasil. A descoberta aconteceu graças ao projeto de monitoramento da fauna, que conta com parceria com a Vale.
O registro histórico foi feito durante uma ação de levantamento e foi utilizado um drone equipado com câmera termal. A tecnologia, aliada do conhecimento dos monitores ambientais do parque, foi fundamental para captar as primeiras imagens de muriquis que vivem em áreas escarpadas de difícil acesso.
O muriqui-do-sul está classificado como “Criticamente em Perigo” de extinção e a população total na natureza é estimada em menos de 1.200 animais, de acordo com avaliação da IUCN – União Internacional para a Conservação da Natureza. A confirmação do muriqui na área reforça o papel da unidade de conservação como santuário para espécies ameaçadas e como hotspot biológico, com diversidade de primatas.
– Esse registro inédito representa um avanço significativo nas pesquisas ambientais da região. É um marco para a conservação da biodiversidade fluminense. É muito gratificante ver nossos esforços e políticas ambientais dando resultados positivos e protegendo o nosso patrimônio natural. Ao ampliar a fiscalização e o tamanho da cobertura de mata, estamos construindo condições para o retorno de inúmeras espécies ameaçadas – comemora o secretário de Estado do Ambiente e Sustentabilidade, Bernardo Rossi.
Conhecido por ser um animal incrivelmente pacífico, o muriqui-do-sul tem comportamento silencioso e habita as partes mais altas da floresta, geralmente entre 600 e 1.800 metros de altitude. A dieta rica em frutas e folhas faz do muriqui um “engenheiro da floresta”, pois dispersa sementes de dezenas de espécies arbóreas pelo caminho.
A equipe do Parque Estadual Cunhambebe empenhou esforços contínuos por mais de uma década para registrar, oficialmente, a presença do muriqui-do-sul na região. A injeção de recursos, capacitação técnica e o suporte operacional, em parceria com a Vale no âmbito da Meta Florestal, foram fundamentais para o sucesso desta missão, que resultou em uma grande notícia para a biodiversidade brasileira.
– A descoberta e o registro desses grandes grupos de muriquis-do-sul mostram que estamos no caminho certo. Com a Meta Florestal, adotamos um modelo inovador de parceria entre a gestão pública e a iniciativa privada, ajudando o Brasil a cumprir algumas metas globais previstas no Marco Global e nos ODS – ressalta Patrícia Daros, diretora de Soluções Baseadas na Natureza da Vale.
Além do suporte às ações de monitoramento, a parceria com a Vale contribui para a proteção ecossistêmica, por meio de atividades de educação ambiental, e pesquisas voltadas à conservação, dentre outras. A descoberta inédita contou com a atuação do pesquisador especialista em primatas Felipe Brandão, do Muriqui Instituto de Biodiversidade, em parceria com o Inea e com apoio da Vale, no âmbito da Meta Florestal da empresa.
– Na literatura científica encontramos, até agora, apenas relatos de que tinham sido encontrados vestígios da espécie no parque, com pouca informação. Registramos os muriquis em duas localidades, distantes entre si, o que sugere a presença de dois grupos. Vamos iniciar um monitoramento aéreo, mais constante dessas localidades, para obter mais informações e dar continuidade ao levantamento em outras áreas. O PEC possui florestas bem preservadas e nossa expectativa é de encontrar mais grupos de muriqui-do-sul na região – afirma Felipe Brandão, coordenador do Projeto Muriqui Bocaina.
Sobre o parque e novas descobertas
O Parque Estadual Cunhambebe (PEC) é o segundo maior parque do estado, abrangendo quase 40 mil hectares de áreas naturais protegidas. Além das ações de proteção ambiental, o PEC se destaca por suas iniciativas consistentes em educação ambiental, promovendo uma aproximação efetiva com as comunidades do entorno e incentivando a pesquisa científica. Essas ações, não apenas fortalecem a conservação da biodiversidade, mas também engajam a sociedade na valorização e preservação dos recursos naturais.
Recentemente, o Inea realizou outros dois registros inéditos no Cunhambebe: o formigueiro-de-cabeça-negra (Formicívora erytronotos), espécie de ave endêmica e criticamente ameaçada de extinção. O Parque também registrou, recentemente, a existência de diversas antas (Tapirus terrestris), que eram dadas como extintas no estado do Rio de Janeiro há 110 anos.
Sobre a Meta Florestal Vale
A Meta Florestal é um compromisso voluntário da Vale com parceiros, que visa proteger e recuperar 500 mil hectares de áreas até 2030, alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Destes, 400 mil hectares são destinados à proteção de florestas e 100 mil hectares são voltados à recuperação de áreas, por meio de soluções de impacto socioambiental positivo. Essa iniciativa é coordenada pela diretoria de soluções baseadas na natureza.