
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a receber, em sua residência, visitas de aliados políticos nos próximos dias. A decisão ocorre após mais de um mês sob regime de prisão domiciliar, monitorado por tornozeleira eletrônica e com restrição severa de contatos — medidas que, segundo juristas e parlamentares de oposição, configuram abuso de autoridade e perseguição política.
Entre os visitantes autorizados está o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), um dos principais nomes da nova geração da direita brasileira e cotado como potencial sucessor de Bolsonaro. A visita está agendada para o dia 29 de setembro, das 9h às 18h.
Também foi autorizada a visita do deputado federal Rodrigo Valadares (União Brasil-SE), relator do projeto de lei que busca conceder anistia aos brasileiros que participaram dos protestos de 8 de janeiro de 2023. O encontro com Bolsonaro está previsto para ocorrer em 22 de setembro.
Prisão domiciliar e tornozeleira: medidas polêmicas e sem condenação definitiva
As visitas foram autorizadas após Moraes decretar, em 4 de agosto, a prisão domiciliar do ex-presidente. A medida incluiu o uso obrigatório de tornozeleira eletrônica e restrição à comunicação com assessores, políticos e familiares — uma decisão tomada sem que Bolsonaro tenha sido condenado em definitivo em nenhum processo.
Segundo o despacho do ministro, Bolsonaro teria utilizado as redes sociais de seus filhos e aliados para continuar se manifestando politicamente, o que, na visão de Moraes, violaria a proibição de uso de redes sociais imposta anteriormente. A acusação não se baseia em nenhuma postagem direta de Bolsonaro, mas sim em supostos “intermédios”.
Aliados do ex-presidente classificam a decisão como desproporcional, autoritária e parte de um processo de "criminalização da direita". “Bolsonaro está sendo tratado como criminoso sem ter cometido crime. Está sendo privado de sua liberdade por expressar opiniões”, afirmou um parlamentar bolsonarista que prefere não ser identificado.